Filipe e Sérgio, olá, conhecemo-nos quando nos bateram à porta à procura de um espaço para estacionar as vossas bicicletas. Havia um, e ficámos além de vizinhos no bairro, vizinhos no Hub Criativo do Bairro Alto. E depois a coincidência da wetheknot partilhar valores com a Interpress.
Parabéns pela wetheknot! Gostamos muito.
A wetheknot é um site de venda de peças de moda desenhadas pelos dois. Afirmam qualidade e durabilidade mais do que quantidade, e sustentabilidade ambiental e social. Uma consciência nova para novas formas de viver na indústria da moda. Quando lançaram a marca e a venda dos vossos produtos?
O projecto nasceu em 2010, logo que nos conhecemos e após termos terminado as licenciaturas. Primeiramente era apenas um projecto exploratório, fizemos umas colecções de calções de banho para homem, feitos de guarda-chuvas encontrados pela cidade em dias de temporal. O projecto teve uma boa aceitação e percebemos que queríamos fazer mais peças. Surgiram alguns acessórios, e só depois a roupa. Hoje não nos vemos como um projecto, mas sim como uma marca consolidada no panorama da moda.
O design da roupa e dos acessórios é vosso. Desenham peças que também usam. Peças simples e minimalistas. Cores ecléticas e sólidas, sem padrões complexos. Formas direitas, detalhes marcantes e tecidos exclusivos. Falem-nos sobre o vosso processo criativo?
Somos muito inspirados pela vida urbana contemporânea e por materiais. O nosso processo começa pelo levantamento de necessidades da marca, pesquisa e procura de materiais. Fazemos alguns protótipos consoante a complexidade da peça. Temos a facilidade de poder testar os produtos na nossa loja em Alfama, já que conseguimos fazer pequenas produções no nosso atelier.
E os produtos de banho e chuveiro também são desenhados, a forma e as dimensões são vossas?
A nossa linha de campos e sabonetes resultam de uma parceria com um negócio familiar de Mafra chamado Terra Viva. A Teresa e o Mário também começaram a sua jornada em meados de 2010. São parceiros da wetheknot há alguns anos, e são pessoas de quem gostamos muito. O desenho das embalagens é nosso, o conteúdo é da autoria da Terra Viva. O que nós fazemos é uma selecção que adicione valor à nossa oferta de produtos.
“To us, sustainability is not just about respecting the environment — it means respecting the people too”. Para a Interpress a sustentabilidade social também é um valor, no nosso caso na relação com os residentes. Acreditamos, que o futuro passa necessariamente por aqui. Como descobrem e trabalham com os vossos parceiros numa relação de longo prazo?
Os nossos parceiros mais antigos, a Dona Manuela e o Sohil, foram-nos apresentados por outras pessoas. Trabalham connosco quase desde o início da marca. Em relação à Teresa e ao Mário dos Terra Viva, conhecemo-nos no Mercado do Príncipe Real por volta de 2014, e desde então que colaboramos.
As roupas e acessórios são feitos à mão em Portugal, apostando na nossa qualidade têxtil e na sustentabilidade pela proximidade com os artesãos. Para os consumidores o vosso site fala inglês, mostrando que o vosso mercado é internacional. Qual é a dimensão da vossa faturação e que percentagem se faz para o estrangeiro?
Para nós falar inglês é natural e mais inclusivo. Estamos no mercado português, é verdade, mas também queremos chegar a mais pessoas. Idealmente teríamos tudo traduzido em várias línguas, incluindo a nossa língua materna, o português, contudo na nossa empresa somos apenas 3 designers, e não sobra tempo para traduzir todos os conteúdos. Acreditamos que os nossos clientes em Portugal não se sentirão ofendidos por esta opção.
Relativamente à faturação, tem de facto havido um crescimento orgânico e sustentado ao longo desta jornada. A nossa marca desenvolveu-se exclusivamente a partir do nosso conhecimento e trabalho (nosso: meu e do Sérgio). Como costumávamos dizer quando dávamos entrevistas no início, a nossa marca construiu-se com capital humano, sem qualquer investimento financeiro.
A abertura da nossa loja em Novembro de 2021, na Rua de São João da Praça, em Alfama, permitiu consolidar a estrutura financeira da marca. Este crescimento fez que conseguíssemos crescer a equipa e hoje conseguimos empregar três pessoas para além de nós os dois, o que é muito recompensador.
Parabéns, boa sorte para o futuro e obrigado por nos darem a conhecer a wetheknot.