Ontem, fomos conhecer o projecto editorial da Sud Sud.
Estivemos à conversa com a Filipa Oliveira e o João Flecha, na Rua Nova da Trindade, 1, 2º esquerdo. Aqui bem perto do nosso Hub Criativo.
A Filipa e o João, conheceram-se na coordenação do departamento de Design do IADE, e depressa a afinidade pelo design editorial, e pelas técnicas de impressão analógicas, levou-os a iniciar um projeto de vida. O cheiro do papel e da impressão, o toque dos diferentes tipos de papel e as camadas e sobreposições de tinta nas folhas que criam constituem-se em experiências sensíveis. E estas são o nosso desafio de criatividade no design.
Os vossos livros são uma experiência dos sentidos, conseguida pelo design e pela produção. Este cuidado reflecte-se nos livros que criam?
Sim, sem dúvida. É o que nos move do ponto de vista criativo. Queremos ser uma editora independente, uma “casa de edição” onde não só imprimimos e editamos livros especiais, como nos dedicamos à impressão de projetos de comunicação e artísticos contemporâneos, tanto pessoais como de designers e artistas externos.
Imprimimos em offset, mas também imprimimos peças em outras técnicas como a gravura e a serigrafia. Esta impressão é feita internamente. Sendo a serigrafia a técnica que trabalhamos há mais tempo, tendo já equipamento próprio.
Além dos livros e revistas, que outros projectos abarca a Sud Sud?
Depois de passar grande parte da vida a ensinar e a trabalhar criativamente para outros, e além da edição e produção gráfica, temos estado muito envolvidos na partilha de conhecimento, desenvolvendo workshops e dando formação em técnicas de impressão analógica, nomeadamente na galeria Diferença em Lisboa, e na associação Pó de Vir a Ser em Évora.
Num futuro próximo pretendemos adquirir tecnologia de impressão de gravura, tipografia e litografia, pelo gosto de desenvolvimento pessoal, mas muito pelo desejo de criar um espaço próprio para a partilha de conhecimento e para o envolvimento com o tecido artístico local e internacional interessado no desenvolvimento de projetos nessas áreas.
Foi por isso que vieram à procura de um espaço na Interpress, que tem tradição na impressão e distribuição de jornais e revistas?
Sendo filho de um antigo jornalista do Diário Popular, o espaço que alberga o Hub Criativo do Bairro Alto fez parte da minha infância e, por isso, pareceu-me ser o ambiente perfeito para lançar esta aventura, com a Filipa. A última vez que fui aí não devia medir mais de um metro e vinte e era tudo enorme, mesmo grande, uma grande casa dedicada às artes gráficas em forma de jornal. Fica o sonho de vagar um espaço que responda às nossas necessidades.
A Thousand Words*, um dos vossos primeiros projectos editoriais, é uma revista de fotografia que já anda pelo mundo?
O número 1 da revista A Thousand Words*, e já estamos a trabalhar no segundo número, acabou por nos lançar internacionalmente, tendo recebido o interesse de livrarias e fotógrafos estrangeiros. Actualmente, está à venda em Nova Iorque, na Dashwood Bookstore, e em Barcelona, na ArtLibris. E claro, em Lisboa no Photo Book Corner e no Porto na Matéria Prima e na Térmita.
Este projecto teve uma critica incrível no canal de YouTube Art of Photography. Estamos muito contentes com a projeção que está a ter e acreditamos que a intenção de ser uma plataforma de divulgação de trabalho de autores pouco ouvidos no mundo da fotografia é uma causa a valorizar.
Na Interpress temos um exemplar na recepção, que pode se consultado.
Obrigado Filipa e João pela vossa disponibilidade. Parabéns pelo projecto Sud Sud, e pela visibilidade e reconhecimento que a revista A Thousand Worlds* começa a ter.
Mais informações: Joao Flecha e Filipa Oliveira.
* A Thousand Worlds é uma revista de fotografia de 8 páginas, num formato desconfortável, que pretende, ao longo das suas edições, criar um espaço de partilha e contemplação da imagem impressa. É uma revista de fotografia e para fotografia, onde o destaque é dado à imagem e não à palavra. Suprimimos comentários, legendas ou outro tipo de texto sobre os autores. Pretende ser uma revista tanto global como regional, sem fronteiras, descentralizada, onde apareçam e se apresentem autores de vários contextos, fotógrafos que, por uma razão ou outra, não se enquadrem nos meios de comunicação convencionais ou que queiram experimentar o nosso formato de edição.
A Thousand Words quer ser uma publicação trimestral, que explore diferentes tipos de papel em cada edição. É impressa em OffSet, num formato fechado de 28x42cm, e o primeiro número conta com a edição de 300 exemplares. A Thousand Words Nº1 é impressa em Offset em papel Arena Natural White 170gr.